As empresas brasileiras mais relevantes da América Latina, segundo o BCG

Das 100 empresas mais relevantes em termos de crescimento e retorno financeiro na América Latina, 26 são brasileiras. É o que aponta o estudo sobre o futuro da economia na região “Why Multilatinas Hold the Key to Latin America’s Economic Future”, da consultoria The Boston Consulting Group (BCG).

O BCG analisou 5 mil empresas com operações na região, selecionando 100 delas — as quais batizou de “multilatinas”. Todas elas possuem mais de US$ 1 bilhão de faturamento, investem em operações no exterior e apresentam crescimento médio de 5,2% (três vezes maior do que a média regional). São companhias, segundo a consultoria, que souberam navegar pelas  turbulências econômicas e estruturais que afetaram os países latino-americanos na última década. E que contribuem para a produtividade, investimento, inovação e criação de empregos na América Latina. 

As 26 brasileiras apontadas pelo estudo são: Alpargatas, Banco BTG Pactual, Braskem, BRF, Camil, Cielo, Duratex, Embraer, Fibria, Gerdau, Globo, GOL, Iochpe-Maxion, Itaú Unibanco, Klabin, Marfrig, Minerva, Natura, Netshoes, Stefanini, Suzano Papel e Celulose, TUPY, Ultrapar, Vale, Votorantim Cimentos e WEG. O BCG destacou inovações de algumas delas, como o plástico verde criado pela Braskem e a força da marca desenvolvida em torno do Itaú Unibanco. 

O estudo foi lançado no Fórum Econômico Mundial, realizado entre os dias 13 e 15 de março, em São Paulo. Não é citado nada específico da BRF, empresa envolvida em investigações da Polícia Federal e na operação Carne Fraca. 

Raio-X das empresas
Em comparação ao estudo realizado pelo BCG em 2009, o Brasil perdeu a liderança regional para o México. Naquele ano, o país tinha 34% de participação entre as “multilatinas”. Segundo o estudo, o Brasil sofreu um grande baque na economia, intensificado pela instabilidade política. Mesmo assim, 70% das multilatinas com receitas acima de US$ 5 bilhões são brasileiras ou mexicanas. 

Embora as empresas do Brasil, do Chile e do México ainda dominem a lista das multilatinas de 2018, há mais empresas da Argentina, da Colômbia e do Peru do que havia no estudo anterior, de 2009. Costa Rica, El Salvador e Panamá ganharam representantes neste ano.

Com relação ao setor a que pertencem, há uma mudança importante no perfil das multilatinas. Devido à desaceleração do preço das commodities, o número de empresas do segmento caiu de 12% para 7%. Grande parte das empresas listadas neste ano (44%) é do setor de consumo.

Em termos de geração de empregos, o BCG afirma que a empregabilidade das multilatinas aumentou em 2,6% anualmente de 2013 até 2016. A média regional de crescimento de vagas de emprego foi de 0,3% ao ano para o mesmo período. 

Entre os fatores de sucesso das multilatinas, está, segundo a consultoria, a habilidade em realizar fusões e aquisições. “Os preços das ações de multilatinas que são ‘compradoras em série’ subiram quase 70% de 2009 a 2017, cerca de dez vezes mais do que para outros compradores frequentes latino-americanos”, diz Marcos Aguiar, sócio do BCG. As multilatinas investiram cerca de US$ 48 bilhões em fusões e aquisições de 2007 a 2017. Uma das maiores operações citadas pelo estudo na região é a fusão da TAM Linhas Aéreas com a LAN Airlines, criando a companhia aérea LATAM Arlines. 

Outros fatores de sucesso são a capacidade dessas empresas de se conectarem com os consumidores, gerenciar as cadeias de valor apesar de ambientes regulatórios e fiscais difíceis, estruturar as redes de inovação e cultivar talento. 

Inovação 

O estudo diz que, de forma geral, as empresas da América Latina são as que menos investem (em termos de porcentagem do PIB) em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Neste aspecto, a região fica somente atrás do sul da Ásia no ranking global de líderes em P&D. Mesmo assim, as multilatinas ficam acima da média e representam 13 dos 20 maiores depositantes de patentes da América Latina. A Natura sozinha detém mais de 670 patentes, a Vale tem cerca de 640 e mexicana Alpek cerca de 600. 

Fonte: www.epocanegocios.globo.com – 19/03/18