Mafra compra Cremer por R$ 500 milhões

Uma das maiores distribuidoras de medicamentos e materiais hospitalares do país, a CM Hospitalar anunciou, ontem, a compra da Cremer, fabricante de materiais descartáveis na área de saúde, por R$ 499,2 milhões ou R$ 17,58 por ação.

A CM faz parte do grupo Mafra e tem como acionistas os empresários Carlos Mafra e Cleber Ribeiro, com 63% de participação, e a DNA Capital, empresa de investimentos da família Bueno, fundadora da Amil, com os 37% remanescentes.

A operação envolve a compra de uma fatia de 91,09% da Cremer detida pelo fundo de investimento Tambaqui, da Tarpon, e uma oferta pública de aquisição (OPA) por 2.777.316 ações que estão nas mãos de acionistas minoritários. A empresa pedirá à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro da oferta em até 30 dias. A notícia fez as ações da Cremer dispararem. O papel fechou a R$ 14,77, com alta de 57,13% na bolsa paulista.

Do valor total da transação, R$ 155,564 milhões ficarão retidos pela CM Hospitalar a fim de garantir obrigações de indenização assumidas pelo fundo de investimento, segundo fato relevante. Além disso, a nova controladora assume o endividamento da Cremer – ao fim de setembro, a dívida líquida da companhia estava em R$ 202,6 milhões, 21,8% abaixo do abaixo do registrado três meses antes.

De acordo com o superintendente do grupo Mafra, Lúcio Bueno, como a CM não tinha alavancagem financeira, tomou empréstimos de cerca de R$ 400 milhões no total, do Banco do Brasil e do Itaú, para levar adiante a operação. O fechamento do negócio ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Sem considerar o faturamento da Cremer, que de janeiro a setembro totalizou R$ 584,6 milhões, o grupo Mafra deve faturar cerca de R$ 2 bilhões neste ano. “Já tínhamos uma estratégia de verticalização. A compra da Cremer vai gerar sinergias e vemos um potencial grande crescimento para a empresa a partir da logística e dos clientes que já temos”, disse Bueno.

Produtos da própria Cremer, segundo o executivo, já eram distribuídos pelo grupo Mafra, que atende exclusivamente ao segmento hospitalar. A Cremer produz compressas de gaze, cirúrgicas, ataduras, esparadrapos, algodão, fralda de pano, entre outros itens da área de saúde. O grupo, por sua vez, tem uma fábrica de fraldas descartáveis em Uberaba (MG).

Além disso, tem quatro lojas especializadas em saúde e estética com a bandeira Mafra e a Health Log, cujos acionistas são os mesmos da CM Hospitalar. Conforme Bueno, o ponto forte do grupo é o mix de produtos, que cobre 98% da demanda hospitalar no país. Esse portfólio e logística própria garantem a entrega dos pedidos em até 24 horas. “O plano é absorver toda a linha de produtos da Cremer”, afirmou Bueno.

Em nota, a Tarpon informou que o preço de venda da participação na companhia implica um múltiplo valor de empresa sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 11,3 vezes – em nove meses, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização da Cremer totalizou R$ 61 milhões. Segundo a gestora, o primeiro investimento na empresa foi realizado há dez anos e resultou em taxa interna de retorno (TIR) de 24,5% neste período, em reais.

Fonte: www.valor.com.br – Por Stella Fontes e Marcelle Gutierrez – 28/11/2017
Foto retirada do Facebook Cremer Brasil
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